OBRAS DE MISERICÓRDIA NA FAMÍLIA E DA FAMÍLIA


Data da Postagem: 12 de Agosto de 2016

    Estamos em pleno ano santo da Misericórdia proclamado pelo nosso querido Papa Francisco, que nos faz um convite à reflexão sobre a misericórdia divina e principalmente sobre a misericórdia humana.

    Em resposta a este convite, queremos partilhar esta reflexão voltada para questões mais práticas do cotidiano da família.

    Quando nascemos somos como uma pedra bruta que precisa ser lapidada para se tornar uma jóia preciosa. Deus conhece nosso potencial, sabe que somos capazes de amar; mas o ato de amar será aprendido na medida em que recebermos amor, para que também saibamos transmitir amor. E quem aprende a amar aprende a ser misericordioso, porque a misericórdia é conseqüência do amor.

    Quando deixamos nossos lares para formar uma nova família, somos desafiados a todo momento a exercer e preservar a misericórdia e o amor. O homem e a mulher trazem consigo valores, educação, costumes e tradições que muitas vezes não são coincidentes e se confrontam no dia-a-dia. É quando surgem as primeiras decepções, as primeiras mágoas.

    Quando os filhos chegam, eis um novo desafio! A alegria é imensa pois os filhos representam a concretização do amor do casal. Mas é inevitável fazermos a pergunta: será que conseguiremos proporcionar tudo o que nosso filho precisará para se tornar uma pessoa de bem? Neste mundo em que vivemos hoje?

    É como se estivéssemos com caneta e papel em branco à nossa frente aguardando você dar início à redação de uma linda história de vida que desejamos ter um final feliz, mas não temos a menor idéia do que pode ocorrer no desenrolar desta história.

    Mas começamos animados e damos o nosso melhor.

    Quando começamos a apresentar o mundo pros nossos filhos, o mundo também começa a apresentar o que ele “aparentemente” tem de melhor. E chegam novos conflitos, pois na maioria das vezes o que o mundo oferece hoje pras famílias é algo muito mais sedutor e atrativo, mesmo que a família perceba que são coisas que vão contra sua fé, seus valores. Mas movida pela decisão da maioria, acaba se rendendo a essa sedução.

    É aqui que começa uma série de decisões erradas. Uma decisão errada movida pelo impulso e pela sedução, traz conseqüências dramáticas. Quem toma a decisão errada percebe o prejuízo e sofrimento que causou a si e aos que vivem consigo. Envergonhada, a pessoa muitas vezes não assume e não reconhece seu erro, pelo contrário, tenta transferir a culpa para os que estão ao seu redor, ou para a sociedade, ou para os políticos, o que já virou hábito.

    Quando a família se dá conta, está atolada num mundo de mágoas, decepções, desrespeito, falta de diálogo, falta de perdão criando um ambiente de muita tristeza e sofrimento.

    Quantas famílias vivem esta realidade?

    O que a igreja nos propõe com a proclamação do Ano Santo da Misericórdia é resgatarmos a seguinte verdade: Deus é amor. Nós seres humanos fomos criados como fruto deste amor para amar e não para odiar. Quem ama é misericordioso. Nascemos com a capacidade de amar, Deus nos deu isso! Porém a maneira de amar e de manifestar esse amor, nós aprendemos. De quem? Dos nossos pais! Que desde o início nos mostram o amor no cuidado, na proteção, no respeito ao ser humano e à natureza, na orientação, na transmissão de valores de fé e moral, no bom exemplo, no saber dizer sim e dizer não.

    Como aprendizes podemos errar, mas temos a opção de poder corrigir os erros com ferramentas de amor, ternura, compaixão, misericórdia, perdão. É uma questão de escolha. Eu escolho ser humilde, corrigir, orientar, ter compaixão, dialogar com respeito e ternura.  Eu escolho perdoar. Esta decisão certamente trará felicidade pois é fundamentada no amor. Se eu escolher humilhar, vingar, trair, magoar, abandonar, tenho que assumir as conseqüências desta decisão que é tristeza, sofrimento, isolamento, porque foi uma decisão baseada no ódio, no rancor.

    Pe Fábio de Melo publicou nas redes sociais a seguinte fala: .... “A gente tem 2 opções na vida quando uma pessoa nos machuca, temos a opção de vingar-se e ser feliz por uns dias, e a outra opção é você perdoar e ser feliz pro resto da vida.” E ele diz mais: “a atitude de perdão é sempre uma atitude inteligente, porque o primeiro a ser beneficiado é você mesmo.”

    Enfim, é na família onde devemos ter a nossa primeira experiência de misericórdia!

    É certo que no convívio do dia-a-dia cometemos erros e também somos vítimas do erro alheio. Porém se é o amor que preenche a maior parte do nosso coração, a misericórdia se manifestará porque seremos capazes de reconhecer e acolher as fragilidades um do outro.