QUANDO...


Data da Postagem: 02 de Maio de 2018

         Queridos leitores, ainda vivemos as alegrias das solenidades que nos fizeram revisitar e atualizar os moments mais importantes da nossa fé. E, por isto, mergulhamos no mistério da pessoa, pois Nele, somos novas criaturas (2Cor 5,17). E agora, no Tempo Pascal, estamos acompanhando de perto alguns passas das primeiras comunidades cristãs. E como isto é salutar! Ver a fé, a esperança e a coragem que moviam esses nossos irmãos, em meio as perseguições, aos sofrimentos, as fugas, o martírio (cf.AT 8,1-8), faz reacender em nós a chamada do amor ao Senhor e à sua Igreja, e a contemplar o belo e verdadeiro sentido da alegria que os movia.

        Quando falamos desta alegria, não nos referimos a um simples sentimento, mas de uma Pessoa, Jesus Cristo. Uma alegria que não estava justificanda nas coisas e ou lugares, pelo contrário, os que fugiram, deixaram casas, parentes, bens, mas porque descobriram o sentido da vida, e o levaram aos campos da dispersão. Nada e ninguém, nenhum sistema e nenhum muro os fizeram silenciar e testemunhar. Eles, além de se descobrirem filhos de Deus (1Jo 3,1-2), viveram como tais (cf. Lv 19,2), tomaram a cruz e seguiram a Jesus (Lc 9,23), ao invés de ficar se vitimando diante das tragédias da vida.

        Assim, continua sendo ingenuidade da nossa parte achar que a alegria do homem pós-moderno consista nas coisas, nos bens, no sucesso, ainda que venha justificado por uma "teologia" da prosperidade, que na verdade tem levado bons cristãos à uma relação superficial com o Altíssimo, que expressa, no fundo, a servidão ao capital.  A vida em plenitude que Jesus nos fala, é de uma vida no Senhor (cf. Jo 6,40). No entanto, fala também de algo que já podemos colher, ainda que limitado, no cotidiano. O que significa dizer, dar o valor devido as pessoas, coisas e lugares, sem nos tornar escravos. E por isto se torna mais vergonhoso, em um País de maioria cristã, as desigualdades e atrocidades gritantes, que em nada refletem esta vida.

        Neste sentido, ao lermos os Atos, podemos dizer que, como eles, também entre nós há aqueles que se esforçam para viver uma vida santa. Pessoas que, em seus dons e taletos, se descobriram agraciadas por Deus, e os têm colocado a serviço da comunidade e da sociedade, sendo "sal da terra e luz do mundo" (Mt 5,13-14). A fecundidade que descobriram em Deus, as tornaram fecundas; a bondade que experimentaram de Deus, as tornaram boas; a acolhida que tiveram, as fizeram acolhedoras. pssoas que não guardaram para si o que receberam.

        Mas alguém poderia dizer: Padre, em que planeta você vive? Este não é o mundo em que vivo. A quem responderia: de fato, este não é o seu mundo. O seu é um mundinho. Por que digo isto? Quando descortinamos novos horizontes, que vão além da nossa pequenez, e buscamos olhar com a profundidade dos olhos de Deus, contemplamos os sinais dele ali. A fé nos leva a esta atitude. Basta saber quais as lentes que temos usado. Talvez precisemos vencer uma visão deturpada da subjetividade e sair de nós mesmos, numa relação de alteridade. 

        Estas pessoas que me refiro, não são aquelas das maravilhosas histórias dos santos. Me refiro as do nosso século, queria Deus, de vocês e de mim. Pessoas que têm exalado o bom odos de Cristo (2Cor 2,15) por onde passam.

        Na verdade, talvez temos elaborado uma ideia muito distante de santidade, como privilégios de uns poucos, e por isto deve ser revista, pois os nossos dias testemunham uma santidade muito fecunda, e que tem feito diferença . São sinais que podem ser tocados em nossas vidas, em nosso "comportamento" (1Pd 1,15).

        Mas quando a tocamos? Quando os pais, porque amam os seus filhos, são instrumentos na construção do seu caráter; quando os esposos fazem de seus lares um ninho de amor; quando o aluno se dedica aos estudos, e reconhece o professos; quando o professos é honesto com o saber e não se corrompe pela ignorância de um Estado que ainda não descobriu; quando alguém vence o isolamento e promove a cultura do encontro no elevador; quando alguém é capaz de partilhar o seu pao, mesmo tendo pouco; quando o funcionário e  o patrão são parceiros de um progresso mútuo; quando o outro não se tornou invisível na vaga de estacionamento; quando se é instrumento de paz no trânsito católico; quando não se chama a mentira para defender-se; quando se é isntrumento de crescimento nas redes sociais; quando as preces vão além das necessidades pessoais, aliás, quando o ponto de partida é um louvor às maravilhas diárias operadas por Deus; quando se é capaz de guardar um papel de bala no bolso, ao invés de matar a natureza; de reciclável; quando se é capaz de compartilhar o sucesso do outro; quando não se é amigo da corrupção.

       Por isso, queridos amigos e amigas, gostaria de animá-los à uma leitura muito apropriada: a Exortação apostólica do Papa Francisco, Gaudete et Exultate, que considera, em cinco brevescapítulos. a chamada à santidade no mundo atual. Ele nos apresenta a santidade com simplicidade, como vocação que todos recebemosdo Senhor (cf. Mt 5,48) para paticipar de algo que é Dele, pois Ele é "Santo, Santo, Santo, Deus todo poderoso, 'Aquele-que-é, Aquele-que-vem'" (Ap 4,8) Esforcemo-nos nesta caminhada.