1º dia da novena – Casal – Matrimônio: chamados a remarem juntos à santidade


Data da Postagem: 28 de Junho de 2023

1º dia da novena – Casal – Matrimônio: chamados a remarem juntos à santidade

Quando, por ocasião dos processos, diocesano (31/5/1935) e reconhecimento do martírio (25/3/1945), da beatificação (27/4/1947) e canonização (24/6/1950) da pequena Maria pelo Papa Pio XII, foi se levantado, pelos inimigos da verdadeira fé, que aquela menina era a santa dos cinco últimos minutos e que a Igreja estaria aproveitando da comoção geral. Isso, porque se tratava de uma criança de pouca idade, analfabeta e miserável, financeiramente dizendo.

No entanto, para a espiritualidade gorettiana, a família, sobretudo o casal, Luigi Goretti (pai) e Assunta Carlini (mãe), é uma das colunas mais importantes e relevante[1]. O amor desse casal é fundamento e luz para que a pequena Marietta pudesse crescer com referências alicerçadas em tempos difíceis. É nesse lar que o seu caráter será forjado. Naquele ninho aprenderá o que é o amor e a amar, a partir do amor de seus pais. Os pais foram para ela o laboratório do amor, do respeito, da serenidade, da honestidade, da coerência entre a vida e a fé, do amor entre todos e, sobretudo, do amor a Deus e a providência Divina, e à sua Mãe Santíssima. Um casal pobre, mas rico vem valores e princípios.

Na vida do casal Gorettiano encontramos as três virtudes teologais: fé, esperança e caridade.

Em poucas linhas, podemos dizer que o casal vivia uma doméstica e eclesial. No final da jornada, iluminados por uma lamparina a óleo sobre a mesa, se reunia para comer polenta com um fio de óleo, embora os corpos físicos pediam descanso, as almas desejavam Deus. O pai tomava o terço em suas mãos e puxava a récita do santo terço, tendo todos ao seu redor, e só depois se recolhiam. Já a vida eclesial, não se resumia a oferta dos preciosos sacramentos da iniciação a vida cristã[2] aos seus, mas numa participação ativa na vida da Igreja da época, comungando todos domingos do bem mais preciso da vida do cristão: a Eucaristia, a santa Hóstia, o projeto de Deus. Na fé, sepulta o seu primeiro filho, Antonio (30/10/1887) e suporta sua dor, acolhendo os outros seis filhos, Angelo (18/8/1888), Maria Teresa (16/10/1890), Mariano (27/1/1892), Alessandro (30/7/1895), Ersilia  (22/2/1898) e Teresa (22/2/1900).

Depois, pelo seu testemunho, vemos que era um casal guiado pela esperança. Embora o desejo migratório (13/12/1896) fosse por dias melhores, não era um desejo avarento, ambicioso, haja vista que, sendo um casal com base cristã, estava a busca do Reino de Deus, da justiça, de condições melhores à sua família. Foi a esperança que o aquecerá naqueles invernos rigorosos, estradas geladas e úmidas da Itália. Foi a esperança que o colocara em pé, diante de todas as adversidades da vida. Foi a esperança que o ajudará a resignificar a cada fase da vida. Foi a esperança que o motivara a não deixar ninguém para trás. Já no que diz respeito a caridade, num ambiente extremamente pobre, a caridade foi transbordante. Primeiro, no companheirismo do casal: esposo e esposa remam juntos, são caridosos um com o outro, oferecem o melhor de si um a outro, o amor, são companheiros e não meros ajudantes: enquanto Luigi se ocupava do campo, Assunta, dos animais, e os juntos, dos filhos. Com um coração caridoso, numa só alma, Luigi e Assunta acolhem a madrasta (Domenica) e o irmão (Sante) de Luigi, acolhem os sete filhos (Antonio, Angelo, Marietta, Mariano, Alessandro, Ersilia e Teresa), depois a esposa do irmão e seus três sobrinhos e, mais tarde, os dois membros da família Serenelle (Giovanni e Alessandro), sempre numa pobreza extremada. Contudo, um pouco de pão, vez ou outra um queijo, sempre se tinha sobre a mesa.

Assim, o afeto sincero, o amor respeitoso e a cumplicidade honesta demostram que aquele casal, marido e mulher, remava junto e, ao mesmo tempo, era dois lemes a portarem mar adentro a família Goretti.

Irmãos, ao celebramos o primeiro dia da santa novena em honra a nossa amada padroeira, Santa Maria Goretti, que a exemplo do casal Luigi e Assunta, os casais remem juntos e, ao mesmo tempo, sejam os lemes a portarem suas famílias às águas mais profundas, ao coração de Deus, fundamentando-as com valores e princípios do Evangelho, e livrando-as das nefastas ideologias contemporâneas que pretendem destruir a célula fundamental da sociedade, a família. Amém.



[1] Após quatro meses de namoro, numa manhã gelada de inverno, a 25 de fevereiro de 1886, Luigi Goretti (25 anos) e Assunta Carlini (19 anos) se une em matrimônio, “um matrimônio entre pobres”, comenta Assunta. Foi um casamento rural, típico da segunda metade do século XIX. Segundo Assunta, “O casamento foi dos mais simples do mudo. Celebrou D. Emanuele Marcucci. Eu saí da S. Bartolo a pé, Luigi de S Vinenzo. Éramos eu e ele e duas senhoras que nos acompanhavam; uma era Pasqualina Goretti, parente... Nada de cerimônia solene, nada flores, nada de discurso na Missa. O pároco nos casou com simplicidade. Ninguém cantou, como acontecia no matrimônio dos pobres. Nada de festa e baile, tão pouco pensar na viagem de núpcias. Estava vestida com um grande lenço preto e o vestido me custou nove soldi. Era de cor meio vermelho. Minha mãe adotiva estava no hospital e no início da tarde fui visitá-la e pedir a sua bênção. Meu pai adotivo, já muito idoso, partiu para a caso do noivo. Não podendo andar a pé, não foi a Igreja... Antes de nos casarmos, rezávamos o terço juntos. Depois de casados, fazíamos o mesmo... Um casamento que floresceu nos campos, anônimo e esquecido” (in. ALBERTI, Giovanni, Maria Goretti, pg. 71-73).

[2] A recém-nascida Marieta vem batizada no dia 17 de outubro1890, na Igreja de São Francisco, um dia após o seu nascimento, quando recebeu do pai, Luigi Goretti, o nome de Maria e Teresa, de sua madrinha, Pasqualina Goretti. Já a sagrada Crisma, no dia 4 de outubro de 1896. E a primeira Eucaristia no 16 de junho de 1901, na Igreja de Conca, hoje Borgo Montello. (cf. ALBERTI, Gionvanni, Marietta, pg. 3).


Pe. Reginaldo Teruel Anselmo

Maringá, 27 de junho de 2023

Paróquia Santa Maria Goretti

1º dia da sagrada novena em honra a Santa Maria Goretti