MEMÓRIAS DE UMA HISTÓRIA DE FÉ
Animador: Como vimos no encontro anterior, Gamaliel, homem de discernimento, ajudou o seu tempo a entender que a Igreja não é um movimento humano, mas um querer de Deus. Essa Igreja, desde muito cedo, precisou sistematizar a sua fé, sobretudo com os Concílios, e a organizar sua estrutura. A Diocese, com suas Paróquias, foi o caminho de organização que a Igreja adotou. Cada Diocese é chamada de Igreja particular, uma porção do povo de Deus, que tem a sua frente um pastor, o Bispo diocesano, que é o sucessor dos apóstolos, sinal de comunhão e unidade, com o tríplice múnus de: ensinar, santificar e apascentar (cf. Lumen Gentium). Para o Papa Paulo VI:
Todos: “os Bispos, constituídos pelo Espírito Santo, sucedem aos Apóstolos como pastores das almas, e, juntamente com o Sumo Pontífice e sob a sua autoridade, foram enviados a perpetuar a obra de Cristo, pastor eterno. Na verdade, Cristo deu aos Apóstolos e aos seus sucessores o mandato e o poder de ensinar todas as gentes, de santificar os homens na verdade e de os apascentar” (Decreto Christus Dominus).
Leitor 1: Para a animação da evangelização, que é a essência da Igreja, o Bispo conta com um presbitério. Cada padre é a extensão do Bispo em uma Paróquia. Segundo o Documento de Aparecida, as paróquias são “células vivas da Igreja e lugares privilegiados em que a maioria dos fiéis tem uma experiência concreta de Cristo e de sua Igreja” (304). O Bispo e cada um dos batizados não são chamados a anunciarem-se, ou anunciar suas ideias, mas o Reino de Deus. Aqui está a missão da paróquia: lugar do encontro com a pessoa de Jesus Cristo. Digamos juntos:
Todos: A missão da Paróquia é ser lugar do encontro com a pessoa de Jesus Cristo.
Leitor 2: O Padre faz a vez do Bispo em uma comunidade, por isso, se ele pretender caminhar separado do seu Bispo, ele está rompendo com a comunhão e a unidade da Igreja. O mesmo se dá com o Diácono e com cada um dos batizados, pois o Bispo é o sinal de comunhão e união da Igreja particular. A unidade é desejo de Deus para todos nós (cf. Jo 17), romper com essa unidade, visivelmente na unidade com o Bispo diocesano, ou querer caminhar como ilha, é negar o projeto de Deus para a vida e missão da Igreja. É negar a própria vida e missão de cada um de nós, batizados. Como a própria Palavra nos ensina (cf. 1Cor 12), a Igreja é um corpo, que tem Cristo como cabeça. Uma só Cabeça e um só Corpo. A Igreja, Corpo Místico de Cristo, perde a sua identidade quando rompe com a unidade e a comunhão. A Igreja, que é toda ministerial, é chamada, sempre, a manter-se fiel ao Senhor. A sinodalidade, como nos ensina o Papa Francisco, é um caminho seguro para permanecermos fiéis e unidos ao Senhor.
Todos: Sinodalidade: caminhar juntos como Povo de Deus ao Paraíso.
A caminhada da Paróquia Santa Maria Goretti desde a sua criação
Animador: Uma vez conhecendo a Igreja como querer de Deus, passemos a olhar carinhosamente à história da nossa Paróquia, Santa Maria Goretti (3 de setembro de 1964 até aos nossos dias). Só para constar, a nossa Arquidiocese, hoje, consta, com 59 paróquias.
Leitor 3: O bairro Zona 7, originou-se de uma zona rural. Onde temos o campus da Universidade Estadual de Maringá, havia uma fazenda de 38 alqueires de mata fechada, chamada sítio Maria. O seu desmatamento deu origem, a partir de 1950, a Zona 7.
Leitor 4: Com a chegada dos pioneiros, Dom Jaime Luiz Coelho, nosso 1º bispo, com uma visão do que se desenharia a Zona 7, viu a necessidade de uma nova paróquia nessa região e, após conversas e planejamento, no dia 03 de setembro de 1964, foi criada a Paróquia Santa Maria Goretti, desmembro-a das paróquias da Catedral e da Santo Antônio de Pádua.
Leitor 5: Foi nomeado como 1º pároco o padre francês Raimundo Le Goff. Como seria uma paróquia de grande expressão juvenil, dada a UEM, Dom Jaime escolheu como padroeira a recém canonizada (24 de julho de 1950) pelo Papa Pio XII, Santa Maria Goretti, uma santa amada pelos católicos e modelo para os adolescentes e jovens, por preferir a morte, do que perder sua pureza virginal, e por perdoar o seu agressor, desejando-lhe o Paraiso.
Todos: Louvado seja Deus pela vida, vocação e missão de Dom Jaime e por nos ter dado Santa Maria Goretti, a princesinha do perdão, por padroeira. Ela nos acompanha durante este tempo.
Louvores a Deus e aos irmãos pioneiros pela construção do Salãozinho
Animador: Importante destacar que, embora a paróquia tivesse sido criada no dia 03 de setembro de 1964, as celebrações e encontros dos fiéis já aconteciam na antiga Escola Ipiranga e nas Capelas remanescentes nessa região rural, pois ainda não se tinha uma igreja construída.
Leitor 1: Foi embaixo de um encerado e em cima da grama que aconteceu o lançamento da pedra fundamental da paróquia, em terras doadas pela Cia. de Melhoramentos do Paraná. Um terreno que ficava atrás do campinho de bola Botafogo, na Avenida Colombo, de 4.000m2.
Leitor 2: Comemorando esta doação, no Domingo 28 de junho de 1964, após a Santa Missa na Escola Ipiranga, os paroquianos foram conhecer o terreno onde seria construída a futura igreja, um sonho de todos que foi realizado e inaugurado no dia 11 de julho de 1965, dia de São Bento.
Leitor 3: A construção inicial da igreja foi apenas de um salão, bem simples, contando com a ajuda financeira da França e de realizações de quermesses, bazares e doações dos paroquianos. Com fé, disposição e generosa ajuda da comunidade, rapidamente o pároco fez erguer aquele salão para as atividades religiosas e de uma modesta casa paroquial.
Todos: Somos gratos a Deus e a cada um dos irmãos que construíram o nosso salãozinho, que muito serviu e ajudou à missão da Igreja, isto é, foi lugar do encontro com o Senhor Jesus.
Leitor 4: Nessa época não tinha asfalto, tudo era terra roxa, quando não era a poeira, era o barro. Não havia água suficiente para as necessidades da paróquia. Ela era retirada através de baldes, em poços profundos com 10 metros ou mais, que as pessoas puxavam com baldes para o consumo diário. A lavação da igreja era feita com água trazida pelo caminhão pipa da prefeitura. Quantas dificuldades naquele tempo. Quando chovia, tudo virava barro, a terra roxa virava uma cola.
Leitor 5: Pe. Raimundo, com simplicidade e rosto sorridente, de estatura mediana, meio gordinho, de rosto avermelhado e de olhos vivos, conquistou a simpatia e o amor dos paroquianos. Vivendo um período pós conciliar, ele deu abertura aos leigos da comunidade. A paróquia tinha nove capelas e o padre, sozinho e com problema na garganta, não tinha condições de assistir tudo. Por isso, a missão que os leigos batizados assumiram foi fundamental.
Todos: Os leigos não só ajudavam o pároco, mas assumiram a sua vocação batismal. No espírito do Concílio Vaticano II passaram da ideia de meros ajudantes do padre, para corresponsáveis da missão da Igreja, de levar a Boa Nova a todas as gentes, sendo sal da terra e luz do mundo.
Leitor 1: As Irmãs das congregações Claretianas, Carmelitas, Carlos de Lyon e Vicentinas também foram importantes na consolidação da fé da jovem comunidade que se formava, não medindo esforços, tempo e criatividade. Foram sinais do Reino de Deus para a nossa gente.
Todos: Louvado seja Deus, pela vida, vocação e missão de todas as religiosas que contribuíram para a evangelização das nossas origens.
Os Padres e o Diácono, homens de Deus em nossa Comunidade
Animador: Como vimos, Pe. Raimundo Le Goff foi o nosso 1º pároco (3/9/1964 a 23/2/1981). Depois veio o Pe. Antônio de Pádua Almeida, que assumiu a comunidade como o 2º pároco (26/4/1981 a 26/12/1982) dando continuidade aos cuidados pastorais, organizando a Paróquia em setores, visando a criação e sustentação das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Iniciou a construção da nova matriz.
Todos: Louvado seja Deus, pela vida, vocação e missão do Pe. Almeida em nossa paróquia e de todos os leigos que assumiram a sua vocação batismal, como sal da terra e luz do mundo.
Leitor 2: Em 1982, o Pe. Geraldo Trabuco (26/12/1982 a 1986), a paróquia acolhia o seu 3º pároco, que buscou dinamizar a vida pastoral, formar novas equipes e continuou a árdua missão da construção do novo templo. Tempos depois, deixou o ministério sacerdotal e constituiu família.
Todos: Louvado seja Deus, pela vida, vocação e missão do Pe. Geraldo em nossa paróquia e de todos os leigos que assumiram a sua vocação batismal, como sal da terra e luz do mundo.
Leitor 3: Pe. Júlio Antônio da Silva foi o 4º pároco (15/1/1986 a 31/12/1988). Empenhou-se em possibilitar boa formação e conscientização da participação do leigo no mundo religioso e político, organizou a “Escola de Formação de Agentes”, promoveu uma grande mudança na pastoral da paróquia e concluiu a construção da nova matriz.
Todos: Louvado seja Deus, pela vida, vocação e missão do Pe. Júlio em nossa paróquia e de todos os leigos que assumiram a sua vocação batismal, como sal da terra e luz do mundo.
Leitor 4: O 5º pároco de nossa comunidade foi o Pe. Orivaldo Robles (6/2/1989 a 23/8/2009), que deu continuidade a caminhada pastoral, renovando as pastorais e ministérios, sempre atento à missão do leigo no mundo do trabalho. Construiu a nova casa paroquial (1995); criou o Jornal Paroquial Santa Menina (1995), tornando-o jornal da Arquidiocese (2009); acompanhou a criação do coral infanto juvenil, que tornou-se o coral Arquidiocesano; iniciou a reforma de ampliação da matriz, vendo-a concluída a 6 de julho de 2002, no centenário de Santa Maria Goretti.
Todos: Louvado seja Deus, pela vida, vocação e missão do Pe. Orivaldo em nossa paróquia e de todos os leigos que assumiram a sua vocação batismal, como sal da terra e luz do mundo.
Leitor 5: Ao assumir como o 6º pároco, Pe. Bruno Elizeu Versari (23/8/2009 a 19/4/2017) buscou fazer da paróquia uma rede de comunidades, promovendo a mudança do nome de setores para comunidades; deu grande atenção à liturgia e à catequese; incentivou o laicato à vida política; fomentou a escola de teologia para leigos em âmbito paroquial; embelezou a matriz com o ícone central e os lindos vitrais; e iniciou a construção do grande complexo pastoral. No dia 19 de abri de 2017 foi nomeado Bispo auxiliar para a Diocese de Campo Mourão – Pr, celebrando a sua última Santa Missa em nossa comunidade, já como Bispo, no 6 de julho de 2017.
Todos: Louvado seja Deus, pela vida, vocação e missão de Dom Bruno em nossa paróquia e de todos os leigos que assumiram a sua vocação batismal, como sal da terra e luz do mundo.
Leitor 1: Hoje, o 7º e atual pároco, é o Pe. Reginaldo Teruel Anselmo (18/8/2017). Atento a cultura e evangelização do mundo urbano, veem fomentando a participação dos leigos nos projetos de evangelização e promoção humana, numa Igreja em saída, de portas abertas e da misericordiosa. Continuou as construções do complexo pastoral, sendo inaugurado em 2018 e em 2019. Com os conselhos pastorai e econômico, encomendou cinco novos ícones para a Igreja, comprou o terreno para a futura capela São Bento e reformou a casa paroquial. Tem incentivando a devoção a padroeira, e a vida dos santos. Num trabalho de comunhão e fraternidade com o Diácono Jones Soares, acolheu a indicação das comunidades dos seis novos candidatos ao diaconato permanente. Ao lado da comunidade, usando as plataformas digitais, ajudou o seu rebanho a atravessar um dos momentos mais difíceis, a covid-19, bem como a assistência as pessoas vulneráveis.
Todos: Louvado seja Deus, pela vida, vocação e missão do Pe. Reginaldo em nossa paróquia e de todos os leigos que assumiram a sua vocação batismal, como sal da terra e luz do mundo.
Leitor 2: Nestes anos, a Paróquia contou como alguns padres colaboradores e vigários: Pe. Francisco Robl, Pe. Bruno Elizeu Versari (3/1/1988 a 24/3/1990), Pe. Rodrigo Gutierrez Stabel (22/2/2020 a 14/1/2022), Frei José Alexandre de Matos (2021) e Pe. Altair Ciarallo (19/5/2022 a 30/7/2023). Como também a alegria em ter podido dar três filhos a Igreja, como padres: Pe. Darcy Maximino de Oliveira (1981), Pe. Nilton Remai (1990) e Pe. Pedro Jorge Delgado Bento (1998). Como ainda, com a missão e o testemunho do querido Diácono Jones Soares, que, com sua presença e dedicação, tem sido sinal do amor generoso de Deus junto de nós.
Todos: Por todos os Padres e Diác. Jones, louvado seja o Senhor da messe, que nunca nos deixou desamparados e desassistidos.
Leigos e leigas na edificação da nossa comunidade
Animador: Certamente a igreja material de Santa Maria Goretti hoje é outra, mas carrega as marcas de sua história. As mudanças refletem sobretudo o crescimento de uma vivência pastoral dessa jovem comunidade, e por se tratar de uma Igreja viva, Corpo Místico de um Deus vivo, sempre aberta ao novo. Olhando as pastorais e atividades religiosas já estruturadas e consolidadas temos consciência do árduo pioneirismo na implantação das pastorais de catequese, familiar, da liturgia e canto, dos MECE’s.
Todos: Quanta dedicação, esforço e perseverança dos milhares e milhares de batizados de ontem e de hoje na vinha do Senhor. Quantas pessoas se achegaram e fundaram raízes nessa jovem paróquia, encontrando acolhida e afeto, tornando-a sua casa.
Leitor 3: De um salão que comportava 100 pessoas, para uma matriz com 1300 lugares. Quantas memórias estão por trás de cada construção, ampliação e inauguração. Uma memória que permanece conosco, não só em fotos e ou madeiras da primeira igreja, mas sobretudo no coração e sentimentos de seus paroquianos.
Todos: Sentimento de gratidão e reconhecimento de uma caminhada de fé e perseverança.
Leitor 4: Embora grande parte de seus pioneiros, padres e leigos, já esteja junto de Deus, suas memórias permanecem conosco e são sempre lembradas e festejadas nas celebrações. O jubileu faz memória e traz à tona, certamente não todos os acontecimentos e pessoas que são incontáveis, mas a gratidão a Deus e reconhecimento aos inúmeros fiéis que construíram esta história de fé. Muitos já partiram para a eternidade, outros continuam a missão desta caminhada de fé, como antes, em meio aos desafios e dores, alegrias e esperanças, mas sempre com a certeza de Deus caminha ao nosso lado, nos acolhendo, nos lavando, nos alimentando, nos impulsionando para o céu e despertando novas vocações à vida eclesial.
Leitor 5: Para falar da Paróquia, o Pe. Reginaldo diz: “Quando leio a história da nossa comunidade, sou grato aos ministros ordenados, tão cheios de Deus, criativos e capazes, aos leigos e leigas de ontem e de hoje, sal da terra e luz do mundo, que trouxeram a Paróquia até aqui. Hoje, acredito que as palavras proferidas pelo Mons. Orivaldo, ainda são atuais, e as faço minhas: ‘O Espírito Santo reuniu nesta parcela da Arquidiocese de Maringá uma multidão de pessoas às quais enriqueceu de virtudes e capacidades raras. Nunca se recusaram a dar o melhor de si para que passássemos do espírito paroquial à vivência de uma comunidade de fé, de amor e de celebração de culto. Não sem esforço, evidentemente, pois que somos todos frágeis operários na vinha do Senhor’. E acrescentaria, um povo que ama os seus padres”.
Todos: Fazemos parte desta aliança. Somos o povo eleito do Senhor. Um povo de batizados, consagrados, enviados e de peregrinos. Somos a família gorettiana, uma comunidade viva, de fé, de esperança e de caridade. Descobrindo, a cada dia, que a “Igreja tem cheiro da casa da gente”.
Louvado seja Deus, pela vida, vocação e missão de todos nós, leigos e leigas, por nossos irmãos pioneiros, que fecundaram com sua fé e testemunho as terras da nossa Paróquia, e por todos aqueles que haverão de chegar.
Para conversar:
Quando você chegou em nossa comunidade?
Você conhece algum pioneiro? E, quais padres, daqui, que você chegou a conhecer?
Alguém se lembra do salãozinho? E da igreja, antes da reforma?
Para você, a nossa paróquia tem sido lugar de experiência com a pessoa de Jesus Cristo?
Já passamos da ideia de ajudar ao padre na missão, para assumir a nossa vocação batismal, ser sal da terra e luz do mundo, na missão da Igreja?