CONCERTO MUSCIAL
Cantando a fé
Na noite dessa última sexta-feira, 24, aconteceu em nossa Paróquia o primeiro Concerto Musical do Ano Jubilar, Cantando a Fé. Como motivou o Pe. Teruel, o nosso pároco, “que nesta noite, assim como São Francisco chamou a lua, o sol, a morte e as criaturas de irmãos, que nós possamos dizer: Bem vinda, irmã música. Que você nos coloque no coloco do Pai. Nos ajude a contemplar o rosto amoroso do Amor”. Foi uma noite especial. Segue o texto que nos introduziu no concerto e algumas fotos, para a história.
Boa noite, sejam todos bem vindos!
Em meio ao ano jubilar da nossa Paróquia, convido todos a se unirem a um evento único: "Cantando a Fé", um concerto musical que promete elevar nossos espíritos em uma sinfonia de adoração e celebração. Em tempos de jubileu, nossa fé é como uma melodia eterna, tecendo os fios da história da nossa comunidade.
Este concerto é mais do que uma apresentação; é uma expressão musical da nossa devoção, uma trilha sonora que ecoa através dos corredores da nossa fé compartilhada. A música, como uma prece harmoniosa, nos conduzirá a um lugar de reflexão, gratidão e renovação espiritual.
Durante essa experiência sagrada, peço a todos que desliguem seus telefones celulares, para que possamos nos entregar totalmente à serenidade desse momento. Evitem se levantar durante a apresentação para preservar a atmosfera contemplativa que estamos prestes a vivenciar. Caso necessitem sair, por favor, usem as laterais do salão para minimizar as interrupções.
Ao final do concerto, para aqueles que desejarem, há banheiros localizados ao fundo do salão. Que este seja um momento de comunhão e elevação espiritual para todos nós, enquanto juntos entoamos os louvores da nossa fé.
Aprecie cada nota, deixe que a música seja a ponte entre o terreno e o divino. Que este concerto seja um marco neste ano jubilar, um testemunho melódico da nossa devoção coletiva.
Que a música e a fé nos guiem neste momento especial.
Sobre o repertório do concerto: O repertório deste concerto contempla a caminhada de fé do povo Cristão cuja origem se encontra no povo Hebreu. Esse povo que louva o seu criador por meio dos Salmos e Hinos agradecendo as vitórias conquistadas por meio do braço forte e Santo de Deus, tem sua fé Referenciada nas três primeiras canções desta noite: Salmo 150, Il Cánto dé Máre e yerushalaim shel Saav onde louvamos e bendizemos a Deus por seus feitos, a travessia do mar vermelho com Moisés rumo a terra prometida, Jerusalém.
Essa fé, se transforma com a segunda aliança firmada por Deus com seu povo na pessoa de Jesus Cristo, nosso Senhor. O qual nos convida a chamar Deus de Pai e nos ensina que o Deus bom e justo, é, acima de tudo, misericordioso. E por meio de sua paixão, morte e ressurreição, apresenta todo o amor que Deus tem por seu povo. Amor tamanho que converteu inúmeros corações dispostos a seguir seus ensinamentos até a morte, sem medo! Pois a vitória de Cristo sobre o pecado é para cada um de nós a certeza da vida eterna. Este é o centro de nossa fé, e é isso que move cada um daqueles que creem em Cristo e que serão cantadas nesse concerto pelas músicas Ótche Nash, Nostra glória é la Crôtchê, Crédo e Quem nos separará.
Segundo o dicionário, fé é uma confiança absoluta, confiança essa que, por vezes, foge aos nossos sentidos e nos coloca em dúvida. “Será que dará certo?”; “É essa mesma a vontade de Deus?”. É comum em momentos assim, buscarmos pontos de referência para nos fortalecer na caminhada. Dentre tantos, somos convidados a olhar para aquela que com o seu “SIM”, nos mostra que Deus faz grandes coisas com os que o aceitam inteiramente. As duas últimas músicas deste concerto, Mãezinha do céu e Romaria, nos fazem recordar a fé de Maria, que, humana como nós, nos ensina a acolher o Cristo, de corpo e alma!
Que este nosso caminhar de fé seja revigorado nesta noite pois o caminho nem sempre é fácil, mas: “Pra quem tem fé, tudo é possível!” (Mc 9,23).
Convidamos agora o Coral São Miguel Arcanjo, juntamente com os músicos e regente para subir ao palco.
Breve currículo do coro – O coro São Miguel Arcanjo iniciou suas atividades em Junho de 2019 com a finalidade de cantar na missa de seu padroeiro. Após este dia, o coro se firmou e continuou seus trabalhos promovendo inúmeros concertos solidários e cantando em várias missas e festivais. É projeto pertencente a uma Associação sem fins lucrativos com o nome “Associação Cultural São Miguel Arcanjo” e atualmente está alocado na Paróquia Santa Maria Goretti de Maringá. Conta com aproximadamente 30 integrantes e uma equipe técnica composta por Regente, Preparadora Vocal, Pianista e monitores de naipe.
Breve currículo do regente - Gabriel dos Santos Gobbi é natural de Astorga-PR e vive em Maringá há quase 10 anos. Sua experiência com coros teve início no ano de 2009 como coralista e como regente no ano de 2011. É Graduado em Música, bacharelado em regência plena na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e formado no CELMU – Curso Ecumênico de Formação Litúrgico-musical pela PUC-SP. Tem desenvolvido ao longo desses anos mais de 20 coros em toda região dos quais destes, 18 são ativos incluindo o coro Santa Ana, (para pessoas 50+) na paróquia Santa Maria Goretti. Também é Orientador de atividades no SESC de Maringá, atuando com coros infantis e 60+. Além das experiências corais, também é integrante da equipe de colaboradores do CAPS I de Marialva-PR, onde desenvolve trabalhos musicais na reabilitação psicossocial de pessoas com transtornos mentais e usuários de álcool e outras drogas, nos casos mais severos. E membro do Regional Sul II de Liturgia da CNBB.
Do compositor Brasileiro Ernani Aguiar, a primeira obra de nosso concerto traz uma releitura do Salmo 150. Este, encerra o livro dos salmos trazendo em seu texto um louvor ao Deus único por seus atos poderosos junto ao povo Hebreu, povo este que canta suas alegrias com tambores, harpas e címbalos.
Cantemos ao Senhor, grandiosa é a sua vitória! Pois precipitou no mar vermelho o cavalo e o Cavaleiro e com Seu braço poderoso, alcançaram a vitória! Nesta obra do compositor italiano Marco Frisina, podemos ouvir o brado de um povo que, sendo perseguido, triunfou em vitória ante os soldados egípcios, conforme o livro do Êxodo: “Naquele dia, o Senhor livrou Israel da mão dos egípcios, e Israel viu os egípcios mortos nas praias do mar, e a mão poderosa do Senhor agir contra eles. O povo temeu o Senhor, e teve fé no Senhor e em Moisés, seu servo. Então, Moisés e os filhos de Israel cantaram ao Senhor este cântico:”
A fé no Deus único e verdadeiro, poderoso e vitorioso, transformou a história do povo hebreu e a partir daí, do mundo todo. Contudo, essa mesma história nos apresenta diversos episódios lamentáveis que mostram os perigos de uma leitura fundamentalista e equivocada da fé e como isso pode acometer a cada um de nós, seja quando a fé se desvia do centro que é o Cristo e passa a ser serva do dinheiro e do poder, ou quando se utiliza do nome e da palavra de Deus para benefício próprio, sem pensar nas consequências e na comunidade! Em ambas a morte é a única certeza, morte de crianças, inocentes… morte de pessoas de bem! As guerras atuais são exemplo vivo dos perigos que esses extremismos nos oferecem. Naomi Shemer em sua obra “Jerusalém de ouro” nos apresenta a cidade santa para tantos povos e credos, e nos convida a lembrar que Jerusalém é a cidade escolhida por Deus para dar início a história da salvação do seu povo, mas que a glória de Deus reluz em seus átrios para TODOS OS POVOS. Que possamos, tal qual esta canção diz, sermos os violinos que cantem as canções de Jerusalém, mas que essas canções, na noite de hoje, sejam de paz, de amor ao próximo, de respeito e, acima de tudo, de união entre todos os povos e credos!
A Pessoa de Jesus Cristo é um marco não somente na história civil mas também na história de fé, pois é por meio de sua encarnação, paixão, morte e ressurreição que Deus se revela não mais como um Deus Guerreiro, mas sim, um Deus misericordioso, que ama tanto ao mundo que lhe entrega seu único filho. Pai nosso é a oração que o próprio Jesus nos ensina para falarmos com Deus, nesta releitura em língua eslava, o compositor russo Nikolai Kedrov nos apresenta uma canção de melodia singela e profunda. Que essa oração, hoje, seja elevada a Deus como um pedido de paz e que a língua que origina o Russo e o Ucraniano, seja um reforço da irmandade desses povos, bem como o prenúncio de um tempo de paz.
Nossa Glória é a Cruz de Cristo e n’Ela temos a verdadeira Vitória, pois o Senhor se mostra para nós a Salvação, a vida e a ressurreição. É por meio da Cruz que Deus nos dá a vida plena, não existe amor maior que este, o amor de um Deus que não exige sacrifício, mas que se FAZ sacrifício por cada um de nós! Esta singela canção de Marco Frisina nos convida a olhar para este lenho não como algoz, mas como árvore da vida que se eleva como um estandarte, sustentando o peso do amor de Deus por cada um de nós.
Jesus Cristo veio ao mundo pelos muitos que acolhem seus ensinamentos e nos deixa uma missão: “fazei isto em memória de mim”. Nós, Cristãos católicos, somos convocados a viver esta missão deixada por Cristo todos os domingos, onde comungamos de sua Palavra e da Eucaristia. É na missa que o mistério pascal se refaz e como prova de que acreditamos em Cristo, somos convidados a testemunhar nossa fé publicamente confirmando, tal qual uma assinatura, que aceitamos Cristo em nossas vidas, bem como todos os ensinamentos deixados por Ele. “Creio em Deus, Pai todo poderoso, Criador do céu e da terra […]” essa profissão de fé repetida por nós incansavelmente ao longo dos séculos, tem o início de seu texto musicado pelo compositor norte americano John Lévit, Trazendo uma melodia densa e harmonia moderna a este texto tão antigo de nossa liturgia.
Nós, brasileiros, somos privilegiados nos dias atuais por viver em um país que, a seu modo, acolhe todas as crenças. Mas, o caminho da fé do povo cristão nem sempre foi assim. “Perseguições, dor, espada, morte” tudo isso colocou à prova a fé do povo em Jesus Cristo, mas nada disso foi ou será “capaz de nos separar do amor de Cristo”. Estas palavras de São Paulo são a base de nossa próxima canção e se complementam com as do Fr. Moacyr Cadenassi quando nos diz que: “A terra com sangue Regada, deixou a roseira florida. Memória da Cruz exaltada, na vida que foi ressurgida!”. Com sua vida e seu testemunho, os santos e mártires são, sem dúvida, um importante referencial de fé para cada um de nós, pois a fé que dá a vida também gera a Vida!
Quando pensamos em exemplos de fé para fortalecer nossa caminhada, Maria é sem dúvidas nosso maior exemplo. Sua confiança em Deus é admirável e o seu SIM repercute até os dias de hoje. A fé viva de Maria foi canal pelo qual Deus fez suas Grandes obras e o Magnificat nos recorda exatamente isso: “A minh’alma engrandece o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu salvador […] o Senhor fez em mim maravilhas e santo é o seu nome”. Este hino cantado por Maria em sua visita a Isabel será entoado hoje em uma releitura que exprime o sentimento de confiança em Deus e ao mesmo tempo toda a angústia pelos riscos que corria uma mulher grávida e solteira na Palestina a mais de dois mil anos.
Nossa cultura brasileira possui uma grande devoção pela Mãe de nosso Salvador. Sempre que necessário, rogamos à Virgem Maria sua poderosa intercessão. A prova disso são as inúmeras expressões arraigadas em nosso vocabulário: “Virgem Mãe!”, “Minha Nossa Senhora!”, “Valei-me Nossa Senhora!” são alguns exemplos. Todavia essa devoção nos acompanha desde crianças, quando somos ensinados a rezar para nossa “mãezinha do céu”. Este canto brasileiro de origem anônima será executado em sua versão original onde nos apresenta uma melodia mais sóbria e orante, ainda mais valorizada com esta versão do Pe. João Lyrio Tallarico, que se contrasta com as versões que conhecemos desta antiga canção.
Chegando ao fim de nosso concerto temos a devoção popular novamente em foco. Onde vemos a padroeira do Brasil sendo referenciada em uma das canções populares mais conhecidas em todo o País. Romaria, de Renato Teixeira, ganha nova vida em um arranjo elaborado por Yuri Prieto, Pianista correpetidor do coro São Miguel e nos mostra com a singeleza de sua melodia a simplicidade de um povo caipira, tal qual os pioneiros de nossa paróquia, que com fé e suor, começaram a construção do Reino de Deus no norte do paraná, desbravando essas terras e construindo o início da história que hoje trilhamos.
Texto: Tarcis Rosa e Gabriel Gobbi
Fotografia: Leonici Vitoreti (PASCOM)